sexta-feira, 18 de março de 2016

Quase cinco anos em menos de dez minutos

Esse texto é muito, muito importante para mim. Foi escrito para um momento especial e foi a primeira vez que mostrei de verdade um texto meu. Tenho orgulho de ter escrito algo assim, ele uniu o riso e o choro, despertou emoções. A partir deste texto senti a necessidade dentro de mim de expor mais aquilo que escrevo.  
Dedico à todos os amigos que caminharam junto. 


Todos os dias caminhos se cruzam, a cada esquina existem pessoas com suas histórias para contar e outras tantas por acontecer. Há quatro anos e meio, alguns caminhos se cruzaram e criaram novas histórias. Cada um aqui (formandos) teve sua história modificada de alguma forma e modificou tantas outras.
A turma era uma mistura de sotaques, cada um representando seu lugar de origem (e pense numa galera diversificada!). Entramos na academia ainda moleques, sem saber bem o que era o universo da fisioterapia, inicialmente, com um único ponto em comum: o propósito de ser fisioterapeuta. Essa profissão tão nobre, a qual nos ensinou muito mais do que poderíamos imaginar sobre amor e dedicação genuínos ao próximo, nos fez crescer como pessoas e gradativamente nos uniu. Através desta escolha descobrimos outros tantos pontos em comum e logo reconhecemos os amigos que trilhariam conosco essa jornada.
Estivemos juntos em boa parte das dificuldades: a adaptação ao cheiro do formol, as dificuldades iniciais em manipular o goniômetro, anotações, anotações e mais anotações (quem lembra? “Inserção proximal e distal: anote!”), provas, portfólios, PTS, estágio, fichas e mais fichas (sério, foram muitas fichas), as intermináveis horas produzindo TCC e por fim a aflição na contagem da carga horária complementar (Certo, Pablo?!). Juntos também nos momentos mais pessoais como perdas, partidas e chegadas.

O melhor caminho quase nunca é o mais fácil. Por vezes nossa fé foi posta em xeque, pensamos em jogar tudo pro ar e tentar uma nova rota, no entanto o apoio mútuo dos colegas que hoje estão com essas becas, dos pais, amigos, namorados e namoradas, irmãos, filhos, maridos e neto (né Edilene?) foi essencial para que a caminhada pudesse continuar. Pais, olhem com orgulho para os seus filhos, esta é uma vitória tão de vocês quanto nossa. Os cuidados que tiveram desde antes do nascimento hoje é recompensado pela alegria de dever cumprido, vendo que conseguiram formar homens e mulheres de bem e de valores. Obrigado por acreditarem.
Aos mestres, que também fizeram papel de pais, irmãos e psicólogos, agradecemos toda a dedicação posta nos mínimos detalhes, desde a montagem dos planos de ensino, até os exemplos compartilhados em sala de aula, a paciência com cada “É sério isso professor?”, as experiências divididas e as conversas, nos mostrando que poderíamos ser tão bons quanto vocês se quiséssemos de verdade (Quem nunca sonhou em ser como Jorge Ivan ou Francisca Rêgo algum dia, né Tamila?). Vocês nos mostraram que os erros fazem parte do processo de aprendizagem e nos incentivaram a pensar e analisar as coisas por um outro ângulo (a propósito Angelo, ainda não consegui responder àquela pergunta: O que é normal?). A contribuição de vocês foi tão fundamental quanto a escolha do curso para formação dos profissionais que hoje somos. Muito obrigado!
Não poderíamos deixar de agradecer à todos os funcionários do UNIRN por nos ajudarem direta ou indiretamente em algum momento do nosso curso, em especial ao seu Flávio (pai de todos!) e aos funcionários da Clínica que tiveram paciência durante as vésperas de entrega de fichas e foram amigos. Valeu Francinildo (mais conhecido como seu Pedro), Jackson (mais conhecido como índio), Karla (mais conhecida como Karla mesmo), Ivanildo, Emerson, Edna. Dona Marlucie, obrigado pelos cafezinhos com biscoitos!
E os nossos pacientes? Agradecemos imensamente a confiança, compreensão e carinho. Apesar de todas as dificuldades, receber o sorriso e o “obrigado” deles após cada atendimento, o carinho ter nossos nomes em suas orações, ver e ouvir os relatos de melhoria era tão gratificante que enchia-nos de certeza que estávamos no caminho certo e renovava as energias para estudar mais e querer sempre o melhor para o próximo. E assim, juntos, aprendemos a valorizar e respeitar o nosso primeiro bem e o mais precioso de todos: a vida. (E foi bom aprender tudo isso com vocês!).

É muito interessantes pensar em como todas as pessoas que passaram por nossas vidas deixam marcas e mesmo que não queiram, nos mudam de alguma forma. Quem eu seria sem as histórias que trago, se tivesse seguido outros caminhos? Ninguém nunca se dá conta do poder que tem de modificar vidas com pequenos gestos, atitudes. Permitir deixar alguém entrar na sua vida é arriscar. Arriscar é viver. Ao entrar aqui não imaginamos que vamos mudar, mas mudamos tanto! (Cecília tá tão diferente!). Crescemos em todos os sentidos que a palavra permite e isso se deve a todo o apoio, compreensão e esforços.
Por essas salas e corredores fizemos amigos e firmamos laços (e feliz daquele que aproveitou esse tempo aqui). Dividimos risos, lágrimas, orações, medos, viagens, almoços, tardes de estudos e de evoluções... A UNIRN foi nosso segundo lar (os colegas monitores que o digam!) e hoje estamos juntos aqui, em casa, para reconhecer e celebrar nossas conquistas e superações. Não foi só sofrimento e labuta. Rimos (e rimos muito, né Jessica?!), cantamos, festejamos, (“Lissamos” de vez em quando também) e quando estávamos bem cansados, bem cansados mesmo dormíamos (o laboratório de cinésio e ginásio de orto estão de prova). Fomos felizes (e como fomos!).
A memória vai cheia e o coração vai ficando apertado sabendo que o ciclo aqui se encerra. Novos caminhos serão cruzados daqui em diante, novas estradas serão construídas. Como foi bom crescer com vocês! Parabéns Leila! Parabéns a todos nós, superamos os desejos clássicos de ser médico, engenheiro, advogado, atriz de malhação, agora somos fisioterapeutas! Temos um dever ante a sociedade, mas principalmente ante ao espelho: oferecer esperança, doar nosso tempo de forma ética e humanizada, fazer o melhor que pudermos. Ser o bem, levar luz. Ou se preferir o contrário, ser luz, levar o bem.
E como falar em levar o bem sem lembrar-nos de um grande amigo que perdemos? Ele, que sempre nos ouviu, nos acolheu com braços abertos, brincava com todo mundo e estava sempre disposto a ajudar; sempre nos dizia para termos calma e esperar pois os bons dias logo chegariam e eles chegaram, pena que ele não pode estar aqui hoje da forma que gostaríamos. Seu chamado veio cedo e nos doeu. Doeu muito voltar à clínica e não encontrá-lo lá perguntando sobre como foram as férias. Todos sentimos sua perda e prestamos essa homenagem a sua amizade, somos a turma Mardônio Moura e, onde quer que você esteja, estamos honrados por carregar este nome conosco. Temos certeza que você estaria dizendo agora: “Eu não disse que vocês conseguiriam?”. É, conseguimos.
O riso e o choro, demonstrações outrora tão antagônicas, hoje estão livres e unidos para expressar a felicidade que todos sentimos pelo prazer da conquista. Espero que este não seja um adeus, mas sim um até breve, afinal, o que pode parecer um ponto final é também um ponto de partida. Uma feliz nova estrada para cada um de nós, nos vemos nas próximas esquinas. Obrigado!

Yara Menezes
Colação de Grau Fisioterapia (UNI-RN)
15 de agosto de 2015, Natal/RN



2 comentários:

  1. Simplesmente lindo...traduziu a essência de cada um no coletivo. Parabéns minha flor,esse texto emociona a cada vez que é lido,ainda que os anos se passem,ele sempre causará comoção ao ser lido.

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  2. Simplesmente lindo...traduziu a essência de cada um no coletivo. Parabéns minha flor,esse texto emociona a cada vez que é lido,ainda que os anos se passem,ele sempre causará comoção ao ser lido.

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