terça-feira, 30 de agosto de 2016

Vééééia!

(Também conhecida como Edilene)

Conheci muita gente durante a graduação. Gente de vários lugares, várias histórias e sotaques. No meio do curso apareceu uma mulher, um pouquinho mais velha (mas nem parecia, a bicha é toda pra frente!) que a maioria das pessoas da turma e com uma vasta experiência de vida. Quando todos pensávamos em respostas óbvias para certos problemas ela vinha com uma visão completamente diferente, um ângulo que poucos utilizavam. Nas discussões quase sempre era do contra mas na maioria das ocasiões pensava e defendia o melhor para pessoas que não estavam presentes mas eram as mais interessadas: o paciente e sua família. Nós, que escolhemos cuidar do próximo, temos que ter essa visão geral, do melhor pro próximo, mas muitos ainda se alienam com pensamentos egoístas de notas e reconhecimento. 
A visão humana sempre foi o que mais admirei na Véia (apelidos que pode não parecer, mas é bem carinhoso, sim). Isso e sua força de vontade incomparável. Ela teve muitas oportunidades de abandonar seus objetivos mas mesmo assim foi em frente e nunca baixou a cabeça para ninguém. Atrevida que só ela, sempre defendeu as causas que achava justas e isso fez dela uma Pessoa Única. Alguém que de fato sabe o que é olhar para o próximo como se olhasse para sua mãe, filha ou neto. Alguém que quero levar sempre comigo como um modelo do bem e amor ao próximo.
Já faz mais de um ano que findou-se a convivência diária e  ainda sinto saudade dela. Dela e de mais um monte de gente. Mas acredito que pessoas assim são sempre presentes, nas lembranças, nos ensinamentos, em algum gesto. Sempre lembro dos meus amigos mas dela eu lembro sempre que vejo a almofadinha verde que fica frequentemente sobre minha cama. Um objeto cheio de significado e carinho, Uma lembrança que a faz sempre presente.
E porquê eu escrevi tudo isso sem que seja seu aniversário ou algum interesse pessoal? Simples: porque lembrei de você e senti vontade de te dizer coisas que pela correria do cotidiano sentimos/pensamos mas deixamo-nos calar. Não me calo, não mais, falo mesmo.
Véia, espero que a vida esteja sendo boa contigo, que você ainda seja a pessoa incrivelmente bem humorada que conheci, mesmo depois de plantões exaustivos. Que continue com sua sensibilidade e olhar ao próximo e  também com a língua afiada para dar patadas em quem merece, claro! hahaha
Te desejo caminhos de luz e alergia, minha amiga. Fique bem.



Essa foto é só para lembrar do dia da apresentação de boneca de pano, lembra disso? O MAIOR mico que paguei naquela faculdade kkkkkk e você tava lá comigo! :D

Aos anjos chamados "pais"

Este texto foi escrito com muito carinho e zelo em um momento especial, a missa em ação de graças por nossa formatura. Lembro-me que poucas pessoas sabiam que eu gostava de escrever antes do meu texto para a colação. Na mesma semana me pediram para fazer esse e foi uma verdadeira alegria poder homenagear aqueles que tanto fizeram para que pudéssemos desfrutar daquele momento tão especial, a conclusão da faculdade. Foi lindo, foi emocionante.


Esta é uma noite não só de celebração por nossa conquista, é principalmente um momento de comunhão com Deus e de agradecimento. Gostaríamos de agradecer a Deus por termos pais como vocês, que foram (e sempre serão) instrumentos nas mãos de Deus escolhidos a dedo para cada um de nós, para nos dar a vida e nos guiar pelos caminhos do bem e da verdade desde os primeiros passos. Não sou mãe ainda mas suponho que, não só a noite de hoje, mas no decorrer destas cerimônias, vocês estejam sentindo uma felicidade superior a nossa, isto porque ela é proporcional aos tamanho dos esforços e sacrifícios que fizeram para que este momento acontecesse (né Auxiliadora, Edson?!) Sabemos que abriram mão de muita coisa (sem reclamar), como seu Edmilson, Analine, para nos oferecer o melhor que pudessem e com a educação não foi diferente. Você riem nosso riso, choram nosso pranto e agora celebram as conquistas e superações.
Aqui há mães, como Luciene, Ana, que além do trabalho exaustivo de dois ou três expedientes, ainda conseguiram passar valores éticos e morais, e foram não só mães mas também pais e amigas. Essas mulheres, mesmo com tantas dificuldades nunca deixaram de sorrir com cada nota boa, cada pequena superação e agora estão conseguindo ver as vitórias dos seus filhos. Agradecemos à Deus por serem tão fortes e guerreiras.
Há também os pais que demonstraram seu amor e dedicação acordando de madrugada para fazer o café da manhã de seus filhos como a Marineide fez, ou dirigir 180 km do interior à Natal para que não perdessem aula, como Dária e Menezes. Pais que venderiam suas casas para que pudéssemos concluir o curso (graças a Deus não foi preciso, mas sei que fariam mesmo se fosse). Pais cheios de orgulho por seus filhos, como seu Veveto, e não negam isso a ninguém (e nem devem). Pais que são amados do tamanho do cururu (João Maria entende o que é isso né?), explico: é um amor tão grande quanto se pode imaginar, um amor impossível de ser descrito, apenas sentido.  
Pais que não costumam expressar o que sentem com palavras, geralmente demonstram com gestos, por exemplo, vou contar uma historinha para vocês: Seu Antonio Lemos (que já foi ao encontro com o Senhor), pai de um de nós, estava em uma ambulância rumo ao hospital após um atentado contra sua vida. Durante o caminho ele deu uma senha para esposa, dona Raimunda, e só fez um pedido: forme minha filha. Isso é muito forte, sei que vocês certamente fariam pedidos semelhantes em tal situação, pediriam por seus filhos. Sempre os filhos antes de si. São esses gestos que os tornam tão especiais. Pais que mesmo sabendo das dificuldades que são criar um filho desempenharam tal papel de forma exemplar, e eis a recompensa: Filhos que trilham pelos caminhos do estudo para a realização de seus sonhos (e em um mundo como esse deve ser lindo conseguir formar um filho, deve os encher de orgulho e sensação de dever cumprido).
Mesmo que às vezes tenhamos algumas desavenças e conflitos, mesmo chateados, no fundo sabemos que essa é uma das formas de demonstrarem amor e cuidado e que tudo é para o nosso bem e felicidade. Sem o apoio e intervenção de vocês, talvez não estivéssemos partilhando este momento. Sabemos que a estrada for árdua, (né Isabel e Reginaldo?), mas a jornada continua. Continuaremos lutando por nossos sonhos e contamos com o apoio emocional e financeiro de vocês (este último só mais um pouquinho, se Deus quiser!).
Não podemos deixar de agradecer aos que também desempenharam papel de pais: nossos queridos irmãos e avós. Dizem que avós são pais com açúcar, concordo. Tivemos avós amigas companheiras e mesmo as que não estão fisicamente presente, como a dona Agar, dona Marina e dona Luzia, certamente estão em festa no céu. Vocês estão sempre em nossas memórias e corações.
Eu gostaria de poder falar diretamente para cada um, pois sei que todos têm uma história de dedicação e renuncia em nome da felicidade dos seus filhos. Gostaria de poder abraçá-los e a agradecer, por nos proporcionarem tantas alegrias e amizades. Sabemos que não foi fácil mas vocês conseguiram, então, alguém já disse que os ama hoje? Em nome de todos os formando digo, pais, nós os amamos e somos gratos a Deus pelo privilégio de termos anjos em nossos lares, nos guiando e protegendo. Muito obrigada por acreditarem em nossos sonhos e sonharem juntos.

                                                                                                 
                                                                                                 18 de agosto de 2015 - Natal/RN

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Lição aprendida com sucesso

Oi professor! Espero que não esteja muito ocupado para ler isso, é que amanheci com uma vontade louca de te contar uma história e por sorte estou disposta para escrevê-la. Prometo tentar não tomar muito seu tempo.
Lembro-me que uma vez estávamos no lar geriátrico e eu atendia uma senhorinha meio mal humorada e indisposta que mal queria fazer as atividades propostas por mim. No começo eu ficava um pouco frustrada e pensava "poxa, demorei tanto para montar essa conduta só para ela...".
Quando fui descobrindo formas de convencê-la me sentia enfim a profissional que eu queria ser. Ali eu estava começando a me familiarizar com o outro, que é bem mais importante que a conduta certa. Trabalhar com pessoas vai além dos objetivos e condutas, tem muito mais a ver com a compreensão e aceitação aquilo que o outro é. 
Um dia essa senhora estava gripada e eu, que estava super animada pela aceitação dela, mantive a conduta e ao final você me chamou para uma "conversinha". 
No dia eu fiquei bem bad, confesso, afinal, eu achei está realmente fazendo o certo mas você disse-me que não. Pior!, que naquele dia eu não fiz nada para o bem estar da senhorinha a qual eu já tinha muito carinho. Disse-me que não fui atenta as necessidades dela naquele momento e algumas outras coisas as quais não me recordo. Bem, a vida seguiu. Formei-me há um ano e estou trabalhando.
Gosto do meu trabalho. Não tenho chefe, não sou obrigada a usar o branco impecável todos os dias e muito menos a atender as áreas que não gostava na faculdade. Pelo menos eu achei que não.
Atualmente, uma de minhas pacientes é uma senhora que sofre de dores articulares, principalmente punhos e tornozelos e estamos obtendo ótimos resultados, mas esse não é o foco da história. Há umas duas semanas ela me chegou relatando que não estava respirando bem, dormido muito mal e bastante gripada. Ali estava novamente: seguir a conduta que estava sendo boa ou tratar a necessidade dela no momento? Não pensei duas vezes, fui fazer condutas voltadas para o que ela precisava. Não, não gosto de respiratória mas aprendi as técnicas e fundamentos e tive a oportunidade de ajudar alguém com isso. Durante o atendimento ela disse sentir o "pulmão crescer" e entrar mais ar, no dia seguinte disse ter dormido bem e isso tudo me deixou feliz da vida! E devo isso a você, professor. 
Eu poderia mandar isso diretamente para você mas acho que a ideia principal dessa ladainha toda serve para outras pessoas também, afinal, aprendizado não precisa (nem deve) ser individual. As vezes recebemos lições que nem sempre gostamos, as vezes elas são duras e ferem nosso orgulho ou ego. As vezes não concordamos mas aceitamos mesmo assim. Naquele dia eu recebi uma lição e só após mais de um ano vi a moral e verdade que ela trazia. Nem sempre lembramos onde e com quem aprendemos uma boa lição. Dessa vez, por sorte, eu lembrei e não tenho vergonha alguma de admitir que errar naquele dia me fez levar uma bronca e um aprendizado para a vida toda.
Acho que as melhores coisas que aprendi na faculdade não foram os conteúdos das aulas, mas sim essa sensibilidade intrínseca a respeito do ser. É um jeitinho todo diferente, uma visão do todo, da Pessoa como uma unidade e não várias partes. Essas aulas eu tive, principalmente, com você, Angelo. Obrigada por isso.
Hoje amanheci com excesso da necessidade de gratidão e preciso espalhar. Acho que pessoas como você, professor, merecem reconhecimento pelo que fazem, não por nós, alunos, mas sim pelos que atenderemos num futuro não muito distante. E isso serve para todo e qualquer profissional que vá trabalhar com gente, direta ou indiretamente. 
Obrigada pela bronca, hoje ela serviu para que eu ajudasse a dona Laura, amanhã certamente entenderei uma lição ou outra das tantas que recebo diariamente desde que me entendo por gente, e poderei ajudar outras Lauras, Marias, Franciscos...


P.S.: Foi mal, não consegui ser sucinta como gostaria.
P.S 2: não consigo deixar de te chamar de Professor, vai ser sempre assim.

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Um ano de fisioterapeuta - Turma Mardônio Moura

Uma amiga se formou ontem na mesma faculdade que eu e fui prestigiá-la. Quando ela me convidou fiquei lembrando da minha e isso me trouxe vários pensamentos e idéias. Fiquei pensando em fazer um texto pós um ano e me questionei "como será que estão?", afinal não tenho muito contato com todos. 
Bom, a ideia veio mas as palavras, não. Até a formatura. Os discursos, a parte que mais gosto, não me emocionaram como eu esperava porém, trouxeram outras idéias, mas enfim, vamos ao que interessa.

Hoje, 15 de agosto, faz exatamente um ano que nos formamos e, diferentemente do discurso da colação, não quero falar para nossos professores, pacientes ou parentes. Hoje o assunto é com vocês da turma Mardônio Moura. É... mas fiquem calmos, não tenho intenção de fazê-los chorar, de novo. (Mentira, verdade, mentira...)
Há um ano fizemos um juramento que, concordando com Edilene, nem lembro exatamente o que jurei mas jurei com vontade, pense! Em meu coração jurei exercer, defender e estudar essa profissão com amor e dedicação. Desde que entrei quis, não ser a melhor fisioterapeuta mas sim ser capaz de melhorar a vida de alguém. Tenho conseguido cumprir a jura e sei que muitos também e, de verdade, fico muito feliz por isso mas, não sei vocês, porém começar não foi fácil.
Nesse um ano eu tracei metas, fiquei perdida sem rumo, engordei, emagreci, tive ideias, tive saudade dos amigos que estão longe, da convivência que tínhamos, da diversão. Fiz investimentos e fiquei doida quando fazia os cálculos e não estava rica ainda, só com (mais) contas para pagar. 
Muita coisa acontece em um ano. Vi gente triste por não está exercendo, ouvi histórias de quem estava exercendo mas não da forma que queria e outras de pessoas que estavam exatamente onde queriam está. 
Nesse primeiro ano vi que as coisas aqui do lado de fora são bem diferentes daquilo que a gente sonha quando está na faculdade. Vi que nosso trabalho ainda é pouco valorizado e que recém formado roda até conseguir um emprego mais ou menos. Vi também que aquela ficha completa, enorme e feita à mão só existem na faculdade mesmo (ainda bem!).
Em um ano eu comemorei a conquista de vários de vocês e senti orgulho, como se fossem um dos meus irmãos. Sério, cada conquista que vocês dividem me enche de alegria. Não entendo pessoas que não se alegram com o bem do próximo, quero mais é que cada um aqui mostre para todos as pessoas incríveis e profissionais dedicados que são. Eu já sei, vi tudo isso na faculdade e por mais que não seja amiga de todos sei reconhecer e poderia enumerar as qualidades de cada um, pode apostar.
Em um ano tive descrença depois esperança, ri, chorei, quebrei a cara, aprendi boas lições, conheci pessoas e aprendi. Aprendi muito. Em um ano vocês começaram á trabalhar com Pilates, home care, UTI, UTI-Neo, clínicas, consultórios, atenção básica, geriatria, ensino e pesquisa... Tantos caminhos foram tomados! Fico muito feliz pela ascensão de cada um e sei que ainda haverão outros caminhos, isso é só o início.
E aos que não estão exercendo ainda, seja por falta de oportunidade ou pelo rumo que a vida tomou, só digo uma coisa: não desanime, eu sei que cada um aqui tem um potencial enorme e eu acredito muito em vocês! ;)
Um ano dá para muita coisa: começar namoro, terminar namoro, casar, ter filhos, fazer cursos, mudar de cidade, de estado, de vida. Um ano é só um pedacinho, ainda há muito tempo e coisas para viver, muito à crescer. À ser. Quero parabenizar a cada um, quero desejar que a vida continue sendo boa com vocês e que a felicidade esteja sempre aí, como no dia da colação. 
Acredito em cada um dessa turma, saudade de (quase) todos (verdade seja dita rs).
Forte abraço.
Aguardo O super reencontro haha.



Dedicado À:
Jéssica, Mayara, Edimilson, Maíra, Jennyfer, Tati, Cinthya, Maycon, Camila, Leila, Disllane, Auxiliadora, Edilene, Jake, Ravel, Lynelle, Dani, Geni, Will, Lissa, Pablo, Gér(rrr)ssika, Tamila, Cintia, Ingridy, Pablo, Cecília e Luana.



P.S.: Mas digam, como está a vida de vocês pós um ano? Se puderem, contem aqui nos comentários ;)