segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Girassol 2.0

Oi minha pestinha!
(Espero que essa carta seja lida antes da de Mirelly porque se não... a menina escreva muito bem, caramba! Pera, tenho q manter o foco, vamos começar de novo.)


Oi minha pestinha!

Já escrevi inúmeras vezes para você e dessa vez, como sempre, corro o risco de ser repetitiva porque... não há formas diferentes de dizer aquilo que sempre esteve em mim, em nós. Vou tentar não ser (muito) nostálgica,
Lembro que quando éramos crianças eu sempre discutia com mãe quando queria sair e tinha que levar você. Com o tempo eu já perguntava antecipadamente se você poderia ir, depois sua presença era obrigatória e hoje em dia vamos a quase todos os lugares juntas. E é engraçado porque, mesmo brigando muito quando crianças, sempre fomos amigas. E isso só se exacerbou com o tempo. Hoje somos amigas/mães/irmãs uma da outra. Não sei qual papel vem primeiro, mas somos isso tudo ai.
Enquanto escrevo essas linhas vou me lembrando de várias coisas e refletindo sobre tantas outras e, parando para ver, sinto muito orgulho da pessoa que você é e quer ser. A vida não foi muito fácil para a gente, crescer como crescemos foi ralado, acho até que envelhecemos uns 10 anos antes, mas sempre contamos com o apoio mútuo e, vendo você ser essa "Pessoa Girassol" me enche de uma alegria que não ouso tentar explicar. Não dá, mas eu sinto. E sinto muito.
O girassol é um tipo de flor que exalta alegria e beleza, só de olhar para ele dá vontade de sorrir. Além disso ela, dizem, acompanha a luz solar. Inclina-se para onde houver luz, onde houver vida. Acho que você é bem assim sempre se volta para a luz, leva riso e paz de espirito por onde passa. Uma pessoa girassol, sem dúvidas. Se não é para o mundo, para mim sim, pode apostar. 
A Força de vontade que habita em ti é outra coisa incrível. Você é assim: se não consegue dançar conforme a música, você troca a música ou reinventa os passos, mas não deixa de dançar. Não para nunca e essa sua perseverança me encanta demais. Não jogar basquete por quê é pequena? Não praticar um esporte de contato porque é magra e fraca? Desistir do violão por não ter aulas? Não dançar por ser toda “durinha”? Não é humanamente possível fazer dois cursos e ainda manter trabalho manual e ter vida? Balela. Nada disso existe para você. Obstáculos fazem parte, acho até que você gosta da presença deles, só pelo prazer de superar. Perseverança. Determinação. Superação. Força. Leveza, Alegria, Flexibilidade. Multiuso... não, pera, tira essa. são palavras que poderia facilmente te descrever mas hoje vou optar por uma frase que te define em mim "luz que me traz paz". Paz ou caos, você escolhe, pode fazer qualquer um, basta querer. 

Mais que uma tatuagem

Desde sempre gosto de tatuagens, acho uma forma interessante de se mostrar ao mundo, como externar algo que há em ti sem precisar abrir a boca. Claro, há pessoas que tatuam coisas sem-noção mas, para mim elas têm significado. Eu sempre soube que teria algumas tatuagens e há uns dois anos defini qual seria minha primeira e que acabou sendo a primeira da minha irmã também - fizemos juntas.
Minhas avós sempre foram carinhosas, umas criaturinhas fofas cheias de amor. Vó Luzia, que Deus à tenha em um bom lugar, era muito divertida, sempre inventava algo para a gente brincar e adorava dançar, festas, rir... alegria em pessoa! E foi uma perda rápida e dolorosa para todos quando ela se foi, Nem pude dizer o quanto ela significava para mim, o quanto aprendi sobre ser leve e valorizar as amizades como ela fazia. É que essa coisa toda de me expressar ainda não existia em mim, e foi estranho sentir que as palavras nunca seriam ouvidas por ela. Por essas e outras, hoje em dia as palavras são soltas e os sentimentos idem.
Já vó Teresa adora cozinhar para todos os netos. Quando éramos crianças a casa dela era cheia de doces e comidas boas, todo final de semana a casa dela era o point dos primos. Primeiro cada um levava alguns brinquedos e dividíamos, depois, quando um pouco mais velhos, começou a segregação: meninos x meninas; em seguida foi a vez dos games e por fim, os instrumentos musicais. Sempre gostamos de nos juntar e Vó sempre amou a casa cheia. De uns tempos para cá ela passou a nos cumprimentar de uma maneira bem peculiar, não sei exatamente quando, mas lembro que eu ficava um pouco desconcertada no começo. Seja pessoalmente ou por telefone, quando nos encontra ela pergunta "Fi/Fia  Alguém já disse que te ama hoje?"
Confesso que isso me desmonta toda. As vezes estamos tão perdidos, estressados com a vida corrida que coisas pequenas e sinceras mudam a energia do dia. Quando ela me pergunta isso eu já começo a rir automaticamente e sentir uma alegria sem fim. Como se fosse uma injeção de ocitocina. Eu digo que não, ela e diz "pois vovó ama. Muito, muito, muito." E eu digo o mesmo no meio de um abraço, quando possível. O riso toma conta que vez ou outra dói um pouquinho porque lembro que ela não é para a sempre. Somos seres transitórios e mutáveis, estamos aqui só de passagem. A gente sabe disso mas não faz doer menos perder quem tanto amamos, o medo permanece ali.
A saúde dela já não é mais tão boa mas, mesmo quando está bem ruim, ela insiste em perguntar isso quando nos encontra e eu me derreto toda de amores pela Véia. Uma vez, ela tava tão ruinzinha que nem abria os olhos, mas quando nos ouviu chegar no quarto, pediu para nos aproximarmos e fez a pergunta baixinho. Até chorei nesse dia, pelo tanto de amor que cabe numa senhorinha tão pequena e que já passou por tanta coisa nessa vida, parece que só há amor.
Não poderia ser outra a minha primeira tatuagem e eu a amo. Ela é cheia de verdade e significado e melhor de tudo: Vó viu, beijou as tatuagens e chorou dizendo o quando nos amava. Fazer uma homenagem e vê a recepção a isso não tem preço, é de uma reciprocidade ímpar, amor por cima de amor. Como foi feita nas costas, quase não vejo mas as pessoas vêem e sempre perguntam o que é, elogiam e tal. É a oportunidade que tenho de falar da minha Véia e reafirmar o amor dela por mim e o meu por ela, gravado em mim, interna e externamente. Uma marca dela na minha vida, uma forma de mantê-la presente mesmo quando não estiver e sempre que falo dela, faço com que ela viva em mais alguém, pela história do nosso amor aqui nesses traços pretos em letras cursivas em minhas costas. Tenho muito orgulho da frase da minha avó e de ter alguém tão sensível apesar de tudo na minha vida, na minha pele.

domingo, 11 de setembro de 2016

Sobre um modelo de amor ao próximo

Essa noite alguém querida para pessoas que quero bem fez aquela última viagem que a gente tanto teme (aqueeela) e sempre que essa tal dona Morte aparece eu fico pensativa. Hoje, conversando, lembrei de um bom amigo que fiz durante a faculdade, uma das melhores pessoas que tive o prazer de conhecer. Na época em que ele se foi, em janeiro de 2015, eu escrevi esse texto, talvez para tentar organizar meus pesamentos com todas aquelas emoções. Seu Mardônio, espero que esteja em paz e bem;)
Eis o texto:


"Cumpriu sua sentença. 
Encontrou-se com o 
único mal irremediável, 
aquilo que é a marca do nosso 
estranho destino sobre a terra, 
aquele fato sem explicação 
que iguala tudo o que é vivo 
num só rebanho de condenados, 
porque tudo o que é vivo, 
morre."

(Ariano Suassuna em O Auto da Compadecida)


Ontem a senhora Morte soprou aqui perto de novo. Dessa vez levou um querido amigo, que todos os dias me recepcionava com um sorriso amável, perguntando por minha Terrinha Salgada e fazendo piadas (a respeito da minha distração, principalmente). Apesar da sensação de ter sido tudo rápido demais, percebo, pensando bem, que ela já o rondava, sutilmente em suas longas vestias de cetim. Há um par de meses ele estava um pouco mais calado e ausente. Algo estava errado. Não demorou para Ela abraçá-lo e afastá-lo do nosso convívio.  Ontem ela deu-lhe o Beijo, aquele que a gente espera que não ganhemos tão cedo. O dele veio cedo demais. 
No entanto acredito (e espero profundamente) que Ela tenha sido gentil e o levado pela mão, como se leva um velho e querido amigo. Espero que ela tenha vestido sua melhor túnica, que o Beijo tenha sido suave e sua viagem tranquila para o lugar que ele merece estar. Não sei como é do outro lado, mas imagino que seja num lugar tranquilo com música boa e felicidade perto de outras boas pessoas que se foram. Ele, com toda sua gentiliza, bom coração e amor incondicional ao próximo, deve estar em um lugar assim. Se formos realmente julgados e recompensados pelo bem que fizemos em vida ele, ah, meu amigo, você deve estar bem e feliz, seja lá onde for. Apesar da tristeza que me consome ao escrever essas linhas, sinto um tantinho de alívio, por saber que seu sofrimento foi cessado, por ele está finalmente livre da doença que o limitou e o afastou de nós. Agora está em paz. Livre.
Não consigo imaginar qual será a sensação de voltar àquele lugar e não te encontrar lá com aquele sorriso, as piadas e os braços abertos perguntando como foram as férias. Não consigo imaginar ficará ali sem você. Acredito que a sensação de vazio vai tomar o recinto e todos que passam por lá(que te conheceram), vão perceber, lembrar de você e sentir sua falta. Nessa hora eu farei uma pequena oração e talvez acabe chorando.
Nosso tempo aqui é marcado com precisão e a cada tic-tac estamos mais perto do fim que pode ser daqui a cinquenta anos ou daqui a cinco minutos. Não dá pra saber quando será o último tchau ou em qual esquina vamos esbarrar com essa Senhora que nos leva sem qualquer chance de despedida. Talvez isso seja o que dói mais para quem fica.
Seu Mardônio, vá em paz e faça muitas piadas e amigos por ai. Obrigada por tudo que você fez aqui na Terra, por mim e por todo mundo ao seu redor, por seu carinho e amizade incondicional. Obrigada por ser como um pai pra tanta gente que conviveu com você. Obrigada, Deus, por nos emprestar um ser tão bom, para nos ensinar tanto a respeito da vida, do amor ao próximo, da entrega, do bem.

"Vai com os anjos vai em paz. Era assim todo dia de tarde, a descoberta da amizade. Até a próxima vez..." (Legião Urbana)


sábado, 3 de setembro de 2016

B-day Cintia!

Há um ano escrevi esse texto para uma grande amiga que foi morar muito longe.  Há mais de um ano não nos vemos mas nos falamos sempre e sinto que a amizade só cresceu. Hoje é aniversário dela e reafirmo os desejos que fiz nesse texto. Aproveite seu dia minha amiga, fique bem e venha logo nos ver.

Há exatamente uma semana te deixamos em um aeroporto, para que você fosse para longe de todos nós. Lógico que doeu, antes que você fale algo. A amizade que firmamos ao longo desses últimos anos foi/é muito forte. Não sou muito do tipo de me abrir e escancarar meus problemas e neuras, mas você me inspira confiança sabe? Sei que com você, tudo estará guardado e a recíproca é verdadeira.
Bom, voltando ao aeroporto, tentei com todas as forças ser forte e não deixar as teimosas lágrimas caírem enquanto estivesse na sua frente, afinal, partir nesse momento foi muito mais doloroso para você do que para os que ficaram. Tentei muito porque se minhas lágrimas caíssem as suas as acompanhariam e logo todos estariam chorando e nunca mais pararíamos de chorar pela saudade que já é grande.
Minha consciência voou para longe, buscando segurança, paz e um novo começo. Um novo cenário para os próximos capítulos da sua história que um dia ainda hei de colocar num livro impresso, para que todos que o leiam saibam do tamanho da sua força e reconheçam a grandeza que há em seu ser, que mesmo depois de tantas adversidades, mesmo depois de tantos obstáculos e perigos, ainda assim, sonha com dias melhores com a esperança de uma criança.
Eu queria poder estar com você hoje, conhecer essa nova cidade e comemorar o inicio desse novo ciclo de 365 dias em sua vida. Queria fazer uma espécie de ritual para deixar tudo de ruim para trás e começar uma nova história. Poderia ser escrever o que foi ruim num caderno, arrancar a folha, queimar e escrever as metas e sonhos em uma nova folha. Mas estamos em fusos diferentes até, muito longe para uma visita de cortesia sem um breve preparo financeiro antes, coisas da vida né?! Partiu ficar rica para te visitar!
Gostaria de desejar pessoalmente, em meio a um abraço, que você encontre a paz que tanto busca, que cresça profissionalmente onde quer que esteja, que esbarre com seu príncipe tupi (ou Tikuna, Kikama ou Cambeba, enfim, você entendeu) e que nesse encontro casual se encontrem e se reconheçam de fato. Que você tenha muitos momentos de alegria, mas encontre a real felicidade. Que as próximas lágrimas sejam apenas de alegria ou de tanto rir. Que você volte para nos visitar em breve. E que marquemos logo nosso mochilão.
Sabe, mesmo tendo consciência da sua ausência e do tamanho da distância, não consigo me entristecer, sei que foi a melhor escolha e sei que ainda vamos nos encontrar pela vida. E nesse encontro seremos as mesmas garotas do interior da graduação. Será como se não estivéssemos separadas por tanto tempo.
Só consigo pensar em coisas boas para sua vida: Banho de chuva e cachoeira, aventura, amigos de verdade, paz de espirito, amor (amor meeeeesmo)! Ah e nada de desmaios por ser contrariada, viu?! Controle-se, Mana!
Feliz aniversário, "Iracema", Muita luz para sua jornada minha amiga, nos vemos nas próximas esquinas.
Essa foto é só para rirmos de nossa cara mesmo hahaha