sábado, 25 de agosto de 2018

Mercúrio em Peixes

Depois que eu comecei a estudar astrologia passei a encontrar um autoconhecimento que eu nem sabia que poderia existir nos astros. Quadraturas, sinastria, mapa astral, evolução, revolução solar, casas, planetas... é tanta coisa nesse meio que as vezes me perco, viajo.
Um dos aspectos que achei mais interessante no meu mapa, até agora, foi esse mercúrio logo em peixes, tudo fez sentido depois que o descobri em mim. Mercúrio fala sobre raciocínio, comunicação, tem um quê de lógica e racionalidade. Peixes é da água, pura emoção, vai do 8 ao 80 em segundos. Eis o meu racional: cheio de uma emoção visceral.
Eu faço, entendo e falo coisas com muito mais emoção do que precisaria ou deveria. Não significa que eu choro ou escandalizo, mas eu sinto, sinto muito. Tudo. Se eu leio um livro eu imagino cada detalhe descrito; se ouço uma música eu imagino o contexto que foi escrita, a sensação de quem escreveu e quem serviu de inspiração; se alguém me conta uma situação que passou eu me vejo naquele lugar ou consigo visualizar perfeitamente aquela pessoa lá; eu tenho imaginação aguçada e as vezes me ponho em situações hipotéticas e consigo sentir dor, até mesmo física. 
Empatia eu tenho, e muita, nem queria ter tanta pois acabo me envolvendo em histórias que nem me cabem, não consigo ver um problema e não querer ajuda, não me preocupar. 
Mercúrio em peixes é confuso pois, o que era para ser razão é emoção que não se contém. Quando eu lembro de um fato o que vem a minha mente primeiro é o que eu senti ali, se foi divertido, lembro dos cheiros, das pessoas... Não me pede para contar algo pb, eu gosto de cores, vida. Vivo numa intensa contradição entre enfeitar o mundo com palavras e formas inspiradoras de o ver e a realidade cinza que nos cerca. É difícil sonhar aqui, sabia?! Por isso eu vivo me ausentando, viajando pro meu mundinho que funciona no seu próprio tempo, bem aqui na minha cabeça, basta eu olhar pro nada por dois minutos e já estou lá, caçando a mim mesma, numa busca sem fim.
Isso pode ser bom ou ruim, depende do momento. 
As vezes me frusto quando não entendem que as coisas são mais do que preto no branco, quando não entendem minha inquietação com o que não é o X da questão, quando tento explicar que vejo que vejo as coisas de forma bem mais ampla que esse pontinho para o qual todos apontam e é obvio, então desisto, canso e fujo.
As vezes a gente tem que tá aqui, mas insiste em fugir.
Eu me refugio na minha mente e nas palavras que escrevo ou leio. Na minha bagunça eu me perco e me acho, me organizo no meu caos. Cresço nos conflitos que só eu vejo e sinto. Na arte eu me fico à vontade, todas começam de uma viagem do artista.  
Por ser movida a emoções minhas certezas são meio instáveis, dependem muito do que estou sentido, dos meus dias e essa é uma característica que eu não gosto tanto mas é bem forte no meu comportamento, no que me faz ser quem sou. Meu instinto também é muito forte, e eu posso me fazer de doida, mas sei que ele esta certo, quase sempre está mesmo que eu não queira. 
Mercúrio em peixes me joga numa viagem da imaginação no terreno da razão, do sentimento no racional, do abstrato no concreto. É doido, instável, entranho, belo, confuso, inspirador e fascinante. É multiplicar tudo, potencializar o ponto, a vírgula e a exclamação. 
Exclamar cada sentimento. 
E sentir tudo que nem sempre é sentido.

A luz que o outro traz

Acordei já me sentido cansada, assim como ontem, anteontem, semana passada... Os dias não têm sido como eu imaginava. As vezes me pergunto se estaria me sentindo assim se tivesse feito outras escolhas, sei lá, nem vale muito a pena né?! É aqui onde estou agora.
Saio cedinho e as alegrias do dia ainda estão em ajudar os outros, ainda bem que posso, mesmo que o tanto que eu faça não seja reconhecido e eu seja tratada com mais desdém que uma aluna de primeiro período e não como a profissional que me esforço para ser.
Fiquei feliz que esse dia chegou, cheio de atividades externas, o que me proporciona sair daquele ambiente que me desanima. Mesmo tento um turno lá pelo menos eu estaria bem ocupada dessa vez.
Cheguei para meu atendimento no horário habitual, organizei minhas coisas, vesti o jaleco e esperei os prontuários chegarem. Enquanto não vinham, observei a sala. Um espaço de mais ou menos 3m², teto alto, paredes pintadas de amarelo com várias partes caindo, deixando transparecer o branco de uma tinta anterior e cheias de infiltrações. A iluminação também não é muito boa e há um cheiro de mofo e insetos quando ligo o ar condicionado (antigo, barulhento e que pinga dentro da sala), o que deixa o ambiente pouco confortável até mesmo para mim que mal noto o lugar hoje me dia. Acho que me habituei. 
As cadeiras são antigas, de metal, pintadas em um tom marfim e se arrastadas fazem um barulho bem irritante. A mesa á minha frente tem um tampo de granito cinza e é instável, de modo que se eu não me apoiar corretamente quando for escrever ela fica pendendo para um lado e para outro. Por mais que eu soubesse (ou achasse que soubesse) da realidade da atenção básica no país, não imaginava que estaria numa lugar assim. Dei mais uma rápida olhada, suspirei e decidi que já era hora de começar.
O primeiro caso foi uma senhorinha fofa, com cara de vó que faz bolo e crochê pros netos, sabe?! A consulta foi proveitosa pois vi nela vontade de mudar e permissão para que eu possa ajudar e isso vai me dando doses de alegria, por saber que estamos plantando uma boa sementinha ali, que o tanto que estudei e estudo vai servir para dar qualidade de vida a alguém que pouco conheço mas me importo.
Parcialmente revigorada, chamo o segundo paciente do dia, e ai vem ele. Mal sabia o que me esperava: um rapaz educado, inteligente, de 6 anos, acompanhado por sua mãe. 
Ele usava um óculos com armação estilosa, tipo de nerd e estava todo arrumadinho. Uma graça. Contou-me sua história muito bem e sozinho, conversava bem e eu já estava animada com aquela criança. Sabe, materno-infantil é uma área que eu gosto bastante e pretendo seguir; atender crianças me faz entrar num outro modo da minha profissão, no qual eu tento deixar essa criança o mais confortável possível, não usado palavras difíceis, brincando e respeitando suas preferencias dentro do possível para exercer meu papel.
Em determinado momento a mãe me contou que ele havia comentado em casa que, caso eu o restringisse de algo que ele gosta muito, não ia querer me ver mais e, por mais que fosse algo que eu não indico, era algo que poderia ser mantido por enquanto. Com isso ganhei a confiança do rapaz a minha frente. Ponto pra mim.
Terminei minha avaliação, sondando o que ele gostava e não gostava e fiz alguns acordos, tentando melhorar o que ele gostava. Ao final ele parou, solenemente, e disse: Tudo bem, eu vou fazer tudo isso que você pediu, estou fazendo um juramento com você." Nesse momento ele estendeu a mão direita com quatro dedos flexionados, mantendo apenas o mindinho estendido. Sim, ele estava fazendo um juramento do dedinho (aliás, do mindinho, como ele mesmo me corrigiu) comigo.
Aquilo me pegou de surpresa. Aquela inocência e seriedade que ele estava depositando no nosso momento me desconcertou de um jeito que eu não estava preparada, só em lembrar sinto as lágrimas arderem nos olhos. Sabe quando você esta fazendo um esforço colossal para se manter firme e vem alguém sorrindo e diz algo que lhe conforta de algum modo? Foi tão revigorante, tão belo, mesmo naquela sala de pouca ambiência, mesmo no local que eu pouco sou reconhecida pelo meu trabalho, ali com o dedinho estendido aquela criança brilhou. Brilhou de um jeito que na simplicidade (para muitos) do seu gesto foi a luz que eu precisava e não sabia, ou sabia e fingia que não precisava por não saber onde encontrar.
E quantas pessoas a gente encontra disposta a iluminar nossos dias, não é?! Quantas vezes a gente corre da luz com medo de cegar, nos acostumamos a sofrer calados ou reclamar sem ação, sem tentar mudar.
Crianças são a representação do recomeço, esperança, são verdeiras, tão e transmitem sinceridade. Nos últimos dias eu me encontrava num estado de cobrança e autocobrança frequente, pensando no futuro e me sentindo inerte, sem certezas. Tenho me desgastado com situações que me fazem mal e por mais que eu tente não pensar, hora ou outra elas vêm. Momentos como esse, com essa criança de 6 anos, que durou menos de um minuto, mudou minha energia e eu duvido que em sua inocência ele soubesse que poderia tanto com aquele dedinho solene.
Segurei-me para não chorar ali, mas em casa me permiti senti, deixar ir o que me incomodava e não merecia estar mais em mim. Fiz um juramento comigo mesma: lembrar daquele momento ou similar, quando me sentir esgotada. Buscar pessoas que transmitam luz e levar aos outros também. Estar entre iluminados nos afasta das sombras e reacende o caminho que vez ou outra some.
Rapazinho, muito obrigada por confiar em mim e me relembrar do bem que uma criança pode fazer. Já estou ansiosa por sua próxima visita.

"Vamos fazer o juramento do dedinho mindinho

Juntar o meu mindinho com o seu mindinho 

Então fechou o trato tá feito."

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Doses de ocitocina

Essa é uma lista simples e cheia de amor, feita com uma amiga com o objetivo de nós encher de paz. Escrita em dupla ou em trio, se considerar a comunhão com Deus que certamente estava conosco, achando ótimo. Ela nos aproxima de nós mesmas, da outra e dEle. Achei tão bonito que não resisti não dividir com quem mais queira (nos) ler e que bom que ela concordou com isso.

1- Deus sempre tem um propósito maior até no que nos parece ruim;
2- Eu sou capaz disso e muito mais;
3- A cada pessoa negativa por perto há pelo menos 3 positivas comigo;
4- Minhas escolhas me trouxeram aqui;
5- Na falta de opções, sempre há uma panela de brigadeiro por perto;
6- Sempre ao final do dia, agradecerei;
7- Eu fui o motivo do sorriso de alguém hoje; 
8- Lembrar que o melhor lugar do mundo é dentro de um abraço; não hesitar abraçar alguém;
9- Chorar se precisar, isso não é sinal de fraqueza;
10- Nós somos fortes, e não há quem prove o contrário;
11- Nada é mais belo do que o mundo pelo olhar de uma criança;
12- Sempre temos um lugar para voltar e recarregar as energias;
13- Contar com quem se importa com nós, sem essa de disfarçar ou querer ser fortona;
14- Fazer algo que gosto por hobbie mesmo;
15- Antes de dormir pontuar as coisas boas do dia, só as boas;
16- Por mais que o dia esteja ruim, tentar ser luz na vida de alguém, com coisinhas aparentemente simples também, tipo uma lista;
17- Música sempre, dançante melhor ainda (não preciso dançar bem também, mas se mexer sim);
18- Conversar com Deus ou sobre ele, em qualquer lugar;
19- Isso é uma fase e, como toda fase, há desafios e aprendizados valiosos;
20- Deus nos capacita para tudo então se está ralado é porque Ele sabe que a gente consegue;
21- Ser feliz com coisas simples do dia a dia;
22- Às vezes a melhor terapia é tomar uma xícara de café com sua amiga;
23- Meditar um pouco; 
24- Brincar com meus sobrinhos;
25- Rever fotos antigas;
26- Por mais que esteja se sentindo ruim, sempre dá para ajudar alguém.


Se você chegou até aqui, espero que esta listinha tenha te levado paz também.