segunda-feira, 30 de maio de 2016

Coisa de preto


Hoje acordei com vontade de ser ainda mais negra. Após ouvir uma história africana e ter pesquisado um pouco mais no dia anterior (coisa de curiosa, não consigo me contentar com pouca informação) me vi cheia de sentimento pela mãe de todas as nações.
Ler a respeito das expressões, religião, costumes... Como é rico esse continente! Me enche de orgulho e tristeza. Se por um lado amo tê-lo em minha essência, através dos meus ancestrais, sinto muito por eles terem vindos cheios vigor e traficados, vindos à força para uma terra nova, sendo obrigados a trabalhar, esquecer sua língua, seus costumes e sendo maltratados. Dói imaginar o quanto sofreram, o quanto meu sangue foi derramado e quantas lágrimas ficaram pelo caminho. Dói ver que mesmo após tantos anos a população negra ainda é marginalizada e sofre tanto preconceito e racismo.
Nesse dia saí de casa com meu melhor turbante, com uma amarração diferente, coloquei brincos grandes e um batom vermelho. Nos fones ouvi uma playlist cheia de reggae, rap, samba e soul. Delícia de música. No caminho vi muita gente me olhar como se fosse coisa de outro mundo. Engraçado, um "pano" na cabeça chamar tanta atenção assim. Chega a ser cômico ver que a cultura negra é tão incomum e que elementos europeus ou norte-americanos fazem mais sentido por aqui. 
Que viagem! A umbanda e candomblé serem tratados de forma tão pejorativa por todos, inclusive negros, devido a falta de saber, de conhecimento da própria história, a história do povo que de fato construiu esse país juntamente com os índios.
Acordei orgulhosa de ser quem sou. Feliz pela cor, pelo gingado, pelo cabelo, pela capacidade natural de superação. Coisa de preto (e todo mundo tem).
Quero mais cabelo crespo nas ruas, quero cachos livres das chapinhas, alisamentos e a porra toda. Quero cores, tambores, (capoeira!) riso solto e orgulho das nossas raízes. Quero respeito e expansão da cultura afrodescendente. Resistência. 
Axé!
"Chegaste, e desde logo foi verão.
Teresa ainda não sabe se é um bom livro. Jamais saberá. Jamais terá critérios para avaliar aquilo que ela mesma escreve, Mas tampouco se deixará oscilar demais com o que os outros dirão. Isso porque suas próprias palavras ficam, para ela, num lugar um tanto quanto inacessível. Teresa dificilmente será uma boa leitora de Teresa."


Adriana Lisboa, em Um beijo de colombina

Luz que me traz paz


Às vezes vejo umas pessoas boas tão más (isto é, em situações tão complicadas) que penso em ajudar. Conversar, fazer rir, essas coisas, tenho esse dom, vai por mim. Eu tenho uma queda pelos que precisam de algum apoio, principalmente pelos fracos, excluídos e oprimidos. Principalmente se eu puder ajudar de alguma forma, Não me pergunte como ou porquê exatamente, nem eu sei. Apenas sei que sinto muita empatia e tudo que quero é colocar no colo, tirar toda a dor dali até que não sobre mais nenhum problema pelo caminho. Acho que é algo que sempre esteve comigo. 
Sempre gostei de pensar que posso fazer diferença na vida das pessoas. Que posso ser alguém que melhore a vida deles de alguma forma. Isso é tão presente na minha personalidade que escolhi minha profissão com esse propósito: ajudar, fazer diferença, melhorar vidas. Não poderia ser diferente no resto da minha vida não é?
Acho que gosto de cuidar, cresci cuidando. Ser cuidada é um pouco estranho pra mim, mesmo que esse cuidado venha dos meus pais inclusive. Mas lá em casa sempre fomos assim: gostamos de cuidar e de ajudar, tanto uns aos outros como aos que nos rodeiam, Somos assim. Acho que este foi um dos melhores ensinamentos que meus pais me passaram. Desde sempre os vi doar alimentos, roupas, oferecer empregos e fazer favores. Acho que a gentileza mais sincera que podemos fazer é para àqueles que não possuem bens ou influência, sabe? Pessoas simples que não nos oferecem (e sem esperar) nada em troca, nada além de um sorriso, amizade e gratidão. Aquele super clichê "Gentileza gera gentileza" é o mais correto que há.  
Fazer o bem à alguém sem pedir nada em troca me causa uma sensação tão boa! É como se uma luz crescesse dentro de mim, sinto-me grande, bem e em paz. É tão bom receber o sorriso acompanhado de "obrigadx" que torna-se um vício (um vício muito bom, diga-se de passagem). E não pense que gosto de ver os outros em situações ruins só para poder ajudar, pelo contrário: Quero todo mundo bem para que possam ajudar outras pessoas. O que quero para mim, quero para todo o universo. 

(Bem sonhadora né?! Eu sei, eu sei... Mas o que será de nós nesse mundo sem os sonhos?)

Apenas ela


Ela acorda cedo mesmo sem a menor necessidade e apesar de estar com mil e um problemas na cabeça, já começa o dia cantando, acreditando que será melhor que ontem. Ela faz questão de rir e quem a vê assim não imagina o que se passa do lado de dentro dela. Saber o que acontece ali é para poucos, um seleto grupo que conseguiu atravessar as barreiras que ela pôs ano a ano, tombo a tombo, tapa a tapa. Acredita que se abater não é uma opção e que tudo é fase. Nada é, tudo está. Esse é seu lema, o carrega na pele inclusive, em um lugar estratégico sempre a lembrando que tudo nessa vida é passageiro, inclusive ela. Está a passeio, só de passagem. Ela sabe que tudo é modificável e assim ela segue. Segue sorrindo fazendo piada de si e de todos, correndo atrás das oportunidades de crescer, interior e materialmente também, por quê não?
Apesar de pensar muito em tudo (e em nada também) cansou de focar nos pontos que não deram certo. O que passou, passou e se insistir no assunto o mantra mental "foda-se" surge para resolver o impasse interno. Pronto, já foi. 
Ela é calma, paciente e gosta de ajudar, sente-se bem sabendo que pode ser o refúgio de alguém, um momento de paz em meio ao caos. Esquece-se de seus e apropria-se dos problemas dos outros, não adianta discutir, ela sempre foi assim e seguirá com essa síndrome de Gabriela (Eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim). Cuida dos seus irmãos como se fosse mãe. E por falar em filhos, não pretende ter filhos de seu ventre, muito menos mudar seu estado civil por pressão da família ou sociedade. Casar só se for porque encontrou alguém com quem queira dividir uma parte de sua vida e não porque dizem que ela está ficando velha, "passando da idade" ou "precisando de um marido para começar uma família", nada disso, aliás, nem gosta desse termo casamento, prefere encontrar alguém para caminhar junto. Ela é livre e respeita seu estado de espírito, gosta de ser assim, desprendida e leve. Não tem amarras, nem nos braços nem nos cabelos, os cachos dançam soltos ao sabor do vento.
Seu objetivo na vida? Aprender. Aprender a cair, levantar, ouvir, falar, discordar, pensar, saborear, amar, levar sorriso e ser feliz, Uma longa lista de verbos que a enche de vida e de si.