29 de abril de 2014
Primeiro
dia na comunidade
No dia 29 de abril, logo
após o feriado, iniciamos nossa vivência na comunidade. Nosso destino foi o uma unidade básica na zona norte da cidade e acompanharíamos os doutorandos em suas atividades naquela ali. O primeiro desafia foi chegar lá.
Superadas as dificuldades
e chegado à unidade de saúde foi realizada uma pequena reunião, na qual nos
foram passadas algumas informações a respeito do funcionamento da unidade e das
nossas atividades junto a comunidade para as próximas segundas-feiras.
Nossa turma foi divida
aleatoriamente em trios e cada trio era destinado a um doutorando. Neste caso, duas colegas e eu fomos designadas a uma doutoranda e, sob as
orientações dela fomos realizar a visita domiciliar na casa da dona Julia.
Dona Julia é uma senhora
de 91 anos, possui um amplo histórico de diagnóstico clínico (a exemplo cito
HAS, Diabetes, artrose e Alzheimer) e possui histórico de quedas (fraturou o
quadril D e joelho D). Ela mora com sua filha Marta, sua cunhada Iolanda e seu
Marido Manoel. Dona Iolanda tem 82 anos e é hipertensa,
diabética, tem colesterol alto, artrite e labirintite. Já seu Manoel tem
Hipertensão Arterial Sistêmica, sequelas de um AVE ocorrido em 2004, além de
problemas auditivos.
Logo que chegamos lá, fomos
muito bem recebidas por dona Iolanda, a qual nos levou a Dona Julia, que já
estava sentada em sua poltrona na sala para realizar os exercícios.
Encontrava-se em uma camisola branca fina que se prolongava até seus
tornozelos, além do sorriso que chegava aos olhos, usava tranças em seu cabelo
mesclado branco e loiro. Dona Julia é uma figura adorável! Sorria de tudo e
fazia piadas. Apesar da idade avançada e do Alzheimer, encontra-se lúcida neste dia e
conversa bastante. O oposto do Sr. Manoel, que pouco fala e ou interage com as
pessoas.
Enquanto a doutoranda atendia dona
Julia e uma das minhas colegas realizava exercícios respiratórios com dona Iolanda (a pressão
arterial dela estava um pouco elevada), a outra colega e eu fomos realizar algumas
atividades com o Sr. Manoel. Como foi difícil professor! Dizíamos: “Sr. Manoel
vamos alongar um pouco?” e ele dizia: “Se eu vou me deitar?”. Tínhamos que
falar bem alto (praticamente gritando) e ainda assim não era uma garantia que
seríamos ouvidas. Isso foi um pouco desconfortável pra mim: chegar na casa de
alguém que nunca me viu e gritar, e pior, gritar com o dono da casa! Bom, mas
enfim, do meio pro fim conseguimos criar um ritmo e nos fazer compreensíveis
para ele de modo que logo nossa atividade com ele acabou e voltamos para a
sala, onde ouvimos dona Julia falar sobre como conheceu Sr. Manoel e o início
do casamento.
Eles estão juntos há 70 anos,
tiveram 12 filhos mas até hoje ela diz: “Tenham cuidado com ele, pra não cair!
(...) Meu velho, Nezin.” Achei isso tão doce, tão lindo ainda haver sentimentos
que resistam há tantos anos, tantas doenças... Lá estão os dois, sendo cuidados
pelos filhos, mas ainda se preocupam um com o outro e ajudam, da melhor forma
que podem. Gostei deles!
Nem bem chegamos e a hora voou,
logo tivemos que voltar a unidade de saúde. Lá, nos reunimos com o professor e
os demais colegas e dividimos nossas experiências domiciliares. Foi bom ver que
a maioria tinha gostado do que viu e ri de algumas situações engraçadas
também. No fim das contas o dia tinha sido muito bom. O crescimento pessoal
havia superado minhas expectativas e ainda restavam três semanas por ali.