quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Legado

Vez ou outra eu paro para pensar em coisas aparentemente banais, aquelas que sempre passam despercebidas, sabe?! Por exemplo, hoje atendi a dona Lúcia Almeida, Hannah Lima, Etelvina Menezes, Luiz Souza... São tantas pessoas, nomes, histórias que as vezes paro nos sobrenomes. Sei lá, difícil ver um sobrenome novo: geralmente eu já vi em outra pessoa e muitas vezes as partes nem mesmo se conhecem, são de outras cidades, estados... Outras realidades. Eu fico pensando em suas origens, o que carregam e penso mais ainda se forem os mesmos que compartilho em minha certidão de nascimento. De onde vieram? Até onde vão? O que significam?
Sobrenome, essa nossa herança, presente dos nossos pais, que herdaram dos nossos avós, dos bisavós e assim vai, numa linha que se perde no tempo. Meu sobrenome paterno, que os livros de história contam que veio da Espanha (tem escudo e tudo, hein?!) faz as pessoas suporem que sou da tradicional família de médicos da minha cidade-natal mas, na verdade, vem de uma cidadezinha chamada São Bento do Norte, no meio do nada. Na família Lima, de minha avó paterna muitos sofreram com a seca, a qual ocasionou, inclusive, a morte de uma bisa, ainda na infância. Tinha também uma Índia não muito distante. Quantas histórias cabem nos nomes de nossas famílias?
Sempre penso nos sobrenomes como legado, marcas, algo que nos acompanha independentemente de nosso querer e traz histórias, boas ou ruins mas que fazem parte de nós. Se somam a nossa essência, nossas raízes em palavras. O meu Souza pode não ter a mesma origem do seu mas certamente traz uma significância seja de luta, prestígio ou ambas. Ou nenhuma.
O orgulho que sinto ao assinar meu nome completo faz-me lembrar que o simples Souza, historicamente de origem portuguesa, esse Souza o comum nesse Brasilzão, está fazendo algo, levando a origem simples da minha família onde quer que eu pise, em cada conquista.
Seja Batista, Holanda, Gama, Diniz, Junqueira, Lopes, Cruz, Fonseca, Dantas, Albuquerque, Nogueira, Mendonça, Vilela, Rodrigues, Donato Oliveira, Silva... Ninguém é " mais um Silva" (Silva vem de nobres romanos, inclusive). Nenhum de nós cabemos num "só". Cada ser é a soma de diversos fatores, inclusive daquilo que nos deixaram, nosso Patrimônio imaterial. Você pode considerar presente ou carma, depende do seu ponto de vista.
Seja simples ou cheio de consoantes, qual sobrenome você se orgulha em carregar?
Qual sua origem? Que histórias carrega?